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BENEDITO DE JESUS NERY FILHO
( BRASIL - PIAUÍ )
Nasceu em Barras de Maratoan, Piauí, ele veio para Brasília assim que a capital foi construída, na década de 1960.
De lá pra cá, escreveu cerca de 40 livros sobre temas cristãos. , poeta, jornalista, teólogo e conferencista, ele trabalhou como revisor do Correio Braziliense na década de 1970.
Após sofrer um infarto, às 7h deste sábado (27/10/2018), o jornalista Benedito de Jesus Nery Filho faleceu aos 83 anos, no Hospital Ana Nery.
MÃE (Antologia). Capa: Sônia Gonçalves Dias. Brasília. DF: Casa do Poeta Brasileiro (POÉBRAS) Seção Brasília, 1983. 200 p.
Ex. doação do livreiro Brito, Brasília, DF
SER MÃE
Ser mãe, é ser a base imortal da família
E ser mesmo o farol potentado do amor
E ser cativa aos filhos na mais doce harmonia
Desde a infância até a hora derradeira de dor...
Mãe é o anjo tutelar dos filhos amados
É a fonte inesgotável de pura e sã grandeza.
Seus filhos, desde que nasceram foram consagrados
Com suas orações de mãe, radiantes de beleza.
Ser mãe é ser a eleita entre as mulheres do mundo
Como santa do lar, pela virtude materna,
Por isso lhe dedico o meu amor mais profundo.
Ser mãe é lutar num sacrifício sem par,
Ser mãe é ser o modelo de virtudes eternas,
Ser mãe é viver a sofrer e a amar.
AQUELES CAMINHOS
Lembro-me ainda daqueles nossos caminhos
Que palmilhávamos naquelas manhãs radiantes
Quando passavam em revoada os passarinhos
E em meu peito o amor infantil era triunfante.
Ai, quem me dera viver aquela infância e o passado
Junto à minha mãe tão querida, meu amor. —
E hoje, mui tristonho, é que vivo malfadado
Nesta vida tormentosa de tanto horror.
Aqueles caminhos para mim estão distantes
Cada vez mais distantes eles ficam de mim...
Enquanto em meu peito a saudade é reinante
Na lembrança daquela que me queria tanto assim.
Lembro-me quando mamãe era viva e a mim falava:
“Vamos para a Igreja, lugar de Nosso Senhor”...
Seguíamos pois, pelos caminhos que ela almejava,
Aqueles caminhos inolvidáveis de grande amor.
Caminhos de seu desejo ardente e mui profundo
Caminhos que ela apontava rumo à perfeição...
E por onde ela passou neste velho mundo
Caminhos que a levaram ao porto da salvação.
Suas pegadas marcaram bem a sua história
De meiguice e também de religiosidade.
A sua vida na terra foi também inglória
Por isso Deus a recebeu na eternidade.
Ela encontrou-se com Deus na “Mansão”
No exemplo que deu na dor a sorrir
E recebeu de Deus o galardão
Agora e sempre e por todo seu porvir.
A CASA DE MEUS SONHOS
Eu bem me lembro, eu era pequenino,
Na infância sorridente a cantar
Minha mãe me embalava com seu hino
Na mais doce paz e a dormitar...
Na casa de meus sonhos sempre vivi
Brincando e sonhando com alegria...
Naquele ninho de amor nunca sofri
nem tão pouco comigo, a nostalgia.
Foi lá onde construí os belos sonhos
Castelos que nem o tempo dissipou...
Por isso sé que hoje em versos componho
A história de minha mãe que amou
Este seu filho, poeta da saudade,
Hoje, então, palmilhando essa estrada,
Vou sentindo seu amor e ansiedade
Sozinho, a soluçar nessa jornada.
Revi a casa dos sonhos de esperança
A velha cadeira onde ela sentava
Rezando seu terço, nas tardes de bonança,
Na sala ante o oratório, ela rezava...
Revi tudo, meu quarto silencioso,
Arejado, avistando-se a catedral.
Quando ali vivi mui corajoso
Na casa de meus sonhos de ideal.
Quantas lembranças alegres e saudosas
No orvalho da minha existência a sonhar
na casa de meus sonhos amorosa
Berço do amor onde eu vivia a cantar.
Casa dos meus sonhos sem Teresina, Piauí,
Minha mãe me ensinava as orações
Da vida, que serviram para o meu porvir.
Da minha casa hoje somente recordações...
*
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Página publicada em setembro de 2023
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